quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Parque de vaquejada vira campo de futebol para crianças no Sertão do RN



Paixão e Adaptação

Na cidade de Felipe Guerra, a 351 quilômetros de Natal, um grupo de crianças resolveu não se abalar pela falta de um espaço adequado para a prática do futebol. Um antigo parque de vaquejada agora é utilizado para que os jovens da cidade possam praticar o esporte mais popular do país.

Apesar de ser tão praticado pelo Brasil, as crianças do município do Oeste do Rio Grande do Norte só tinham a chance de acompanhar jogos pela TV. Jogar se tornava muito difícil, pois eles não possuíam espaço para isso, realidade que vem mudando depois da criação da escolinha de futebol rural de Felipe Guerra.

De vaqueiro, estudante e jogador de futebol, todos os participantes têm um pouco. A melhor palavra para defini-los neste momento seria "batalhadores", afinal, não é fácil jogar em um campo que antes era um pasto.

- Eu cuido de animais, cavalos, ovelhas, e ajudo meu avô no campo. De tudo eu faço um pouco - disse Marcos Carneiro, goleiro da equipe.

O campo é de barro e nem todas crianças possuem chuteiras. No Projeto Abelhar, conseguir as chuteiras é responsabilidade das famílias, mas nem todas têm condições de comprar uma. Então, o jeito é jogar descalço mesmo. Vale a paixão pelo futebol. E se tem paixão pelo esporte, não há obstáculo que barre a vontade de se superar.

No campo utilizado para a escolinha, não há traves de ferro. Corta-se o tronco da árvore da providência do Sertão, a carnaúba, para dar formato ao gol.

 - Quando é na cidade, a gente tem um campo bom para se trabalhar. Mas aqui não. A dificuldade é grande. Nós temos que marcar o campo, enfincar as traves, e colocar cal nas linhas - afirma Edeimar Valentim, professor responsável por ensinar futebol aos alunos.

A escolinha de futebol funciona há poucos meses e já conta com mais de 40 crianças e adolescentes. Os pequenos jogam e também se alimentam no próprio projeto. Para muitos, esta é a melhor hora do treino. O lanche da garotada é servido debaixo de um pé de cajarana e ninguém fica de fora.

A maioria dos alunos é formada por filhos de pequenos agricultores do município. Gente que não teve chance para o esporte no passado e que vibra hoje com esse início de uma transformação social. Para participar do projeto, todos precisam estar matriculados e tirar boas notas na escola.

- O projeto mostra que o filho do agricultor também pode se tornar um grande cidadão. Pode não ser um médico ou um advogado, mas um jogador de futebol, e também praticar o esporte como cidadania e desenvolvimento intelectual - disse Dulcivan Fernandes, coordenador do Projeto Abelhar.


globoesporte.com

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