Quando a indústria automobilística começou a ganhar forma no
Brasil, lá na década de 1950, centenas de nordestinos migraram para trabalhar
nas fábricas do ABC Paulista, em São Paulo. As indústrias se concentraram por
lá principalmente pela facilidade de acesso ao Porto de Santos. A bússola
mudou. Hoje, são as montadoras que estão se instalando no nordeste, motivadas
principalmente pelos benefícios fiscais que o local oferece. Até 2015, a região
deverá receber investimentos de mais de R$ 6 bilhões, quantia desembolsada
exclusivamente por fabricantes de automóveis e motocicletas.
A maior parte desta bolada sairá do bolso da Fiat. A empresa
está investindo R$ 4 bilhões na construção de uma nova fábrica na cidade de
Goiania, no Pernambuco. A previsão é de que o complexo fique pronto em 2014. O
estado também receberá a marca chinesa de motos Shinerai, que está investindo
R$ 130 milhões para construir uma indústria na cidade de Suape. Em Horizonte,
no Ceará, a Troller trabalha para erguer uma fábrica. O valor do investimento
não foi divulgado.
Mas é a Bahia que promete ser a capital automotiva
nordestina. Na cidade de Camaçari serão erguidas a fábrica da chinesa JAC
Motors, uma fábrica de motores da Ford e outro complexo industrial para a
Jonny, que produz motos. JAC e Ford estão investindo R$ 900 milhões e R$ 400
milhões, respectivamente.
DE OLHO DO BOLSO
Apesar do alto investimento, as montadoras que estão fincando raízes no
Nordeste querem poupar dinheiro. “Alguns impostos, como ICMS [Imposto de
Circulação de Mercadorias e Serviços], são menores para as empresas na região.
Além disso, o Nordeste tem uma mão de obra mais barata comparada ao Sul e
Sudeste e, de certa forma, mais abundante”, afirma Milad Kalume Neto, Gerente
de Desenvolvimento de Negócios da consultoria Jato Dynamics do Brasil.
Para o presidente do Banco do Nordeste, Ari Joel Lanzarin, o
potencial de crescimento da região é outro fato que explica a atração das
empresas. “A renda das pessoas está começando a melhorar agora, o poder de
compra está aumentando. Do ponto de vista da infraestrutura, existe a
facilidade dos portos e ainda há muitos terrenos disponíveis para construção”,
explicou o Lanzarin.
“A indústria automobilística atrai companhias de outros
setores, como logística. A população se beneficia com os empregos e o
desenvolvimento. E esse movimento está acontecendo em outras áreas da
indústria. Se levarmos em consideração que o crescimento do Nordeste é acima da
média nacional, não é exagero dizer que a região é China brasileira”, concluiu
o presidente.
SALÃO DO AUTOMÓVEL
O setor automotivo está tão aquecido no Nordeste que o local irá receber seu
primeiro “Salão do Automóvel”. Entre os dias 25 e 28 de abril, a cidade de
Olinda, no Pernambuco, irá sediar o “Nordeste Motor Show”, evento que reunirá
100 expositores e contará com 500 atrações, entre carros, motos e barcos.
“Nossa expectativa de público está estima em 50 mil pessoas”, garante Tatiana
Menezes, diretora executiva do escritório Nordeste da Reed Exhibitions
Alcântara Machado. Responsável pela organização do Salão do Automóvel de São
Paulo do ano passado, a empresa tem tradição com eventos ligados ao setor
automobilístico. “Percebemos o potencial do Nordeste nesta área. Temos 8 feiras
do setor programadas para este ano e queremos chegar a 10 eventos em 2014”,
revelou Tatiana.
O Nordeste Motor Show acontecerá no Centro de Convenções de
Pernambuco, os ingressos já estão à venda, a partir de R$ 10.
Fonte: Aline Magalhães - Auto Esporte
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