Passeio tem navegação de catamarã pelo rio e trilha pela
caatinga. Roteiro expõe aos visitantes belezas naturais e históricas do Nordeste.
Na Rota do Cangaço, em Alagoas, a história do bando
de Lampião e Maria Bonita é contado por guias vestidos de cangaceiros, que
conduzem os visitantes até a Grota de Angico, local que foi ponto do massacre
que deu fim ao mais famoso clã de cangaceiros do país.
A reportagem do G1 apresenta um roteiro turístico
que começa em Piranhas,
cidade histórica de Alagoas tombada pelo Patrimônio Histórico
Nacional. Segue pela Rota do Cangaço, percorrendo a trilha que a volante
militar fez em busca do bando de Lampião e Maria Bonita, até a Grota do Angico,
onde parte do grupo foi morto, para depois desvendar parte das belezas dos
Cânions do São Francisco e um pouco da arte e dos sabores
do Sertão.
O ponto de partida para esta aventura é o cais de Piranhas.
Lá, o visitante embarca em um dos catamarãs que seguem em navegação pelas águas
do Rio São Francisco até o município de Poço Redondo, em Sergipe. O percurso é feito
ao som do típico forró nordestino e das histórias e 'causos' do cangaço
relatados pelos guias.
A navegação pelo rio dura em média 30 minutos, tempo
suficiente para o visitante contemplar a exuberância do ‘Velho Chico’ e todo o
cenário proporcionado pelos morros de paredões rochosos cobertos pela vegetação
da caatinga. Entre um trecho e outro, o cotidiano dos ribeirinhos é revelado
entre o vai e vem das pequenas embarcações que circulam com famílias ou
pescadores que tiram o sustento do rio.
Duas empresas de turismo receptivo oferecem o passeio
em Piranhas.
Uma delas é operada pelos familiares de Pedro Durval de Cândido, homem que dava
suporte a Lampião na época do cangaço, mas que entregou o clã para a volante
alagoana após ser torturado. Historiadores contam que os policiais desconfiaram
da grande quantidade de mantimentos comprados em uma mercearia daquele
município por Pedro Cândido. Ele foi capturado e forçado a dizer o local onde o
bando se escondia.
Após atracar o catamarã na praia da Forquilha, o visitante
chega a um local com estrutura rústica, porém agradável, com restaurante e
lojinha, que contextualiza o cenário da caatinga. Deste ponto até a Grota de
Angico são aproximadamente 700 metros por uma trilha estreita com vegetação bem
preservada.
No trajeto, há pontos para descanso e muitos relatos sobre o que ocorreu no dia
27 de julho de 1938, data em que 13 cangaceiros do bando foram emboscados,
mortos e decapitados. “Esta trilha que é feita hoje pelos turistas é exatamente
a mesma que a volante fez na época para chegar até o bando de Lampião.
Mantivemos a originalidade em cada passo do percurso para recontar a história”,
diz Francisco Rodrigues, que é sobrinho-neto de Pedro Cândido.
O percurso até a trilha de Angico é feito ao som do típico
forró nordestino e com relatos das histórias e 'causos' do cangaço contados
pelos guias. Após a trilha, o visitante permanece no restaurante Angicos
onde pode desfrutar do banho no Rio São Francisco e das iguarias bem peculiares
do Sertão, como a farofa cangaceira, geleia de xique-xique (cactos), doce de
coroa do frade e da bala de doce de leite, conhecida como a ‘bala que matou
Lampião’.
Com proposta similar, o Cangaço Eco Parque, que também
possui estrutura às margens do São Francisco, tem restaurante, tendas para
relaxamento, ampla área livre para apresentações culturais e banho de rio, além
do passeio de catamarã e da trilha até a Grota do Angico, em um trajeto mais
longo, de aproximadamente 1,5 km, expande o roteiro com uma parada no povoado
de Entremontes, distrito de Piranhas.
O sucesso de Entremontes, além do charme dos casarios
históricos, se dá por conta da habilidade das mulheres que transformam linhas
em bordados de redendê e ponto-cruz. Arte e tradição que chamaram a atenção de
estilistas nacionais e internacionais, e que compôs até mesmo o enxoval do Papa
Francisco, quando ele esteve no Brasil.
Custos
As duas empresas que operam o passeio, que oferece acessibilidade para
crianças, jovens, adultos e até idosos, cobram valor tabelado de R$ 50 por
pessoa. No restaurante Angico, o valor inclui a navegação pelo rio, ficando
como opcional a trilha, onde é cobrada uma taxa de R$ 5 que é destinada ao
guia. No local, que oferece almoço, também opcional, o tempo de permanência é
de aproximadamente 3 horas.
Já no restaurante Eco Park, o passeio de barco é estendido
até o povoado de Entremontes, com parada de 20 minutos para visitação e compra
de artesanato. No receptivo, o almoço também é opcional. Já a trilha até a
Grota do Angico, com percurso maior e que não é considerado o trajeto oficial
dos livros de história, é gratuita. O tempo de permanência também é de
aproximadamente 3 horas.
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