Não deve demorar muito para o preço da gasolina em Mossoró subir em até R$ 0,10
por litro, segundo projeções de donos locais de postos de combustível. O valor
pago pelo consumidor final na cidade, já considerado dos mais caros do Brasil,
pode ultrapassar os R$ 2,90 nos próximos meses.
Há temor sobre o possível reajuste de 7% no preço da gasolina e de 4% ou
5% no óleo diesel nos fornecedores nacionais. Além disso, companhias locais
enfrentam problemas de distribuição, que encarecem custos de logística e temem
ainda a efetivação de um possível aumento salarial de 5% dos empregados. O setor passa por um momento difícil, tentando equilibrar essa sequência de
notícias ruins. Ontem, 15, o jornal O Estado de S. Paulo publicou que o governo
federal deve reajustar em 7% o preço da gasolina. Seria o maior aumento em
quase dez anos. No Rio Grande do Norte, isso significa um aumento do preço pago
pelo dono do posto – quer dizer, a margem repassada ao consumidor final poderia
ser ainda mais elevada.
“Mas isso ainda tem que ser confirmado. A gente não sabe ainda como isso vai
funcionar na planilha de custos. Nosso segmento não é diferente do de
supermercados, do de roupas, ou qualquer outro varejo. Alguns podem repassar,
outros não”, ameniza Antônio Cardoso Sales, presidente do Comércio Varejista de
Derivados de Petróleo do Rio Grande do Norte (SINDIPOSTOS/RN).
Empresários mossoroenses são menos cautelosos. Para eles, o repasse para o
cidadão será inevitável. “Não vai ter como o consumidor não ser atingido”,
disse Marlus Amorim, sócio-presidente do posto Eldourado. Sob a condição de sigilo, outro dirigente de posto afirmou que o preço só não
foi aumentando ainda porque não há certeza sobre a porcentagem de aumento a ser
anunciada pelo governo federal – embora o reajuste seja dado como certo. Na sua
opinião, o aumento “traria muitos prejuízos” e a elevação “teria que ser
repassado” ao consumidor.
Ainda de acordo com o jornal paulista, o Executivo nacional estaria preparando
anúncio do reajuste para a próxima semana. Para amenizar o impacto desse
aumento e uma consequente piora na já crescente inflação, a equipe econômica –
relatou à reportagem – estuda medidas a serem adotadas. Pode haver, por exemplo, um aumento de álcool anidro (etanol) na gasolina dos
atuais 20% para 25%. “Mas a elevação só deve ser efetivada quando a colheita de
cana-de-açúcar estiver no auge, o que deve ocorrer no fim do primeiro
semestre”, destacou o Estadão.
O agravante aqui é que há mais desafios a serem enfrentados: problemas de
distribuição afetam os empresários desde novembro. O RN é um dos estados mais
vulneráveis a essa dificuldade, que é nacional, porque seu abastecimento se
realiza pelo mar. Com mais barreiras para trazer o combustível ao Estado e à
cidade, é inevitável ter custos de logística mais elevados.
A maioria dos proprietários mossoroenses estoca o máximo que pode de gasolina
para não correr risco de não ter o produto para oferecer. Como se não bastasse,
houve ainda um aumento de 5% nos salários dos funcionários de postos, que
também deve pesar na hora da definição do novo preço do litro da gasolina.
Foto: Marcos Garcia (De Fato)
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