A morte do mais famoso cangaceiro brasileiro, Lampião, tem causado muitos
debates, informações desencontradas e dúvidas, ao longo da história, desde
aquele dia fatídico, 28 de julho de 1938, quando as forças policiais promoveram
uma emboscada a um grupo de cangaceiros, na localidade de Angico, Município de
Poço Redondo, no Estado de Sergipe, matando 11 pessoas e
apresentando às autoridades suas cabeças, dizendo que se trata de Virgulino
Ferreira da Silva, sua mulher Maria Bonita e de alguns seguidores.
A grande imprensa do país tem se dedicado ao assunto e nos últimos 15 anos vem
noticiando que um fotógrafo de São Francisco estava fazendo pesquisa para
publicar um livro, provando que Lampião não foi degolado naquele dia, mas,
armou um esquema com as autoridades e fugiu para Minas Gerais, tendo residido
em várias cidades do Norte Minério, usados diversos nomes e faleceu em 1993, na
cidade de Buritis, no Noroeste de Minas Gerais.
José Geraldo Aguiar, que, como fotógrafo, em São Francisco, com muitos contatos,
tomou conhecimento dos rumores na região de que Lampião estaria vivendo naquele
Município.
assou a pesquisar e encontrou um homem sisudo, estranho, com um defeito no olho
direito, usava óculos escuros e que não era de ter amigos. Procurou se
aproximar daquela pessoa, travando conversas, puxando assunto, até que ficou
sabendo de se tratar de João Teixeira Lima. Os contatos foram aumentando. João Teixeira Lima passou a ter confiança em
Geraldo Aguiar, como é conhecido em São Francisco. Muitas informações foram
transmitidas ao fotógrafo, até que num determinado dia, João Teixeira confessou
que era, na realidade, Virgulino Ferreira da Silva, narrando toda a história de
sua vida e como ele renunciou ao cangaço e fugiu para Minas.
Certo dia, em 1992, Geraldo Aguiar disse para João Teixeira que queria escrever
a sua história, para corrigir o equívoco daquele episódio de Angico. Ele disse:
“meu passado foi muito problemático, não posso aparecer. Faça o que for
possível, mas, não anuncie nada antes da minha morte. Vou morrer no ano que
vem. Deixo minha mulher autorizada a colaborar com você em tudo que for
possível.”
Realmente, João Teixeira Lima veio a falecer no ano seguinte, o óbito foi
registrado em nome de Antônio Maria da Conceição e a sua então mulher, Severina
Alves de Morais, conhecida por Firmina, outorgou procuração para José Geraldo
Aguiar, prestou todas as informações necessárias e entregou documentos
importantes.
LAMPIÃO TERIA RESIDIDO EM VÁRIOS MUNICÍPIOS
José Geraldo Aguiar, fotógrafo em São Francisco, escreveu um livro, com o
título “Lampião, o Invencível: duas vidas, duas mortes”, para demonstrar que o
cangaceiro mais conhecido do país, renunciou ao cangaço, fugiu do Nordeste em
1938, passou por diversas cidades do Norte e Noroeste de Minas e viveu seus
últimos dias na cidade de Buritis, onde faleceu no dia 3 de agosto de 1993, com
96 anos de idade, uma vez que nasceu em 7 de julho de 1897, em Pernambuco.
Desde que renunciou ao cangaço, em julho de 1938, que Virgulino Ferreira da
Silva, o Lampião, mudou de nome e, com Maria Bonita e outros seguidores,
fugiram para a cidade de Paulo Áfono e de lá foram margeando o Rio São
Francisco até entrarem em Minas pela cidade e Manga.
Lampião e Maria Bonita, em cada Município que chegavam, adotavam nomes diferentes,
procuravam abrigo mais seguro na zona rural, alugando mangas e criando bovinos,
evitando contados mais estreitos com pessoas estranhas. Assim, eles residiram nas localidades de Itacarambi, Missões, Povoados de Brejo
do Amparo, São Joaquim e Tijuco, em Januária, Pedras de Maria da Cruz, Matias
Cardoso, Burarama, hoje Capitão Enéas, Arinos, Urucuia, São Francisco e
finalmente em Buritis, onde faleceu.
Em São Francisco, Lampião encontrou local seguro para residir e comprou uma
fazenda às margens do Rio São Domingos, onde ficou por muitos anos, até a sua
velhice. Depois se mudou para a cidade de Buritis, onde conseguiu se aposentar
pelo FUNRURAL. Voltou para São Francisco, indo residir na cidade.
Enquanto residia em Minas, Lampião foi algumas vezes a várias cidades das Bahia
e chegou a voltar à sua terra, em Pernambuco, porém, disfarçado.
Para manter o seu disfarce, Lampião usou os nomes de Antônio Teixeira Lima,
João Teixeira Lima, José Pereira, João Baiano, João Pernambucano, João Bogó,
João Mangabeira, Policarpo Lima, Antônio Luiz de Lima, Luiz Antônio de Lima,
Luiz Fulício Lima e, quando faleceu, o registro foi feito em nome de Antônio
Maria da Conceição, porém, na cruz, colocada na sepultura, consta o nome de
Antônio Teixeira Lima.
Segundo o autor do livro sobre as duas vidas de Lampião, o que houve em
Sergipe, em 1938, quando as forças policiais mataram 11 cangaceiros e disseram
que Lampião e Maria Bonita estavam entre eles, foi um amplo acordo de Lampião
com as autoridades locais para ele fugir. Lampião contava com 41 anos de idade, estava certo que não tinha mais condições
de chefiar o seu bando, já manifestara, por diversas vezes, que queria deixar o
cangaço e viver uma vida descente.
Governava Sergipe, na época, o Dr. Eronildes Carvalho, que era amigo e protetor
de Lampião, assim como o famoso Padre Cícero, também apoiava o chefe do
cangaço. Com eles, Lampião negociou o acordo para deixar o cangaço e fugir das
caatingas do Nordeste.
Virgulino Ferreira da Silva teve mais dez filhos com Maria Bonita, em Minas
Gerais, tinha três filhos com outra mulher e, quando faleceu, sua companheira
Severina Alves de Morais, que ainda vive em Buritis, teve três filhos com ele.
(Fonte: ONorte.Net)
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