segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Viagem de Campo para o Seridó - RN

(Currais Novos, Acarí e Carnáubas dos Dantas – RN).

No dia 13 de Janeiro de 2012 iniciamos nossa aula de campo pelo Roteiro Seridó com o objetivo de fazer um estudo sobre os aspectos culturais relacionado ao patrimônio, a memória e identidade local presentes nas cidades de Currais Novos, Acarí e Carnaúba dos Dantas - RN. Saímos do Epílogo de Campus da UERN por volta das 6h00min, com um total de 14 pessoas, seguindo primeiramente para a cidade de Currais Novos, fazendo nossa primeira parada na cidade de Jucurutu – RN para o lanche, na qual percebermos a variedade gastronômica regional. Fomos acompanhados em Currais Novos pela Guia de Turismo: Raianne, que nos levou primeiramente para conhecer o Museu Mineral, o Memorial Tomaz Salustino e a Mina Brejui da cidade de Currais Novos. 




1 – Currais Novos – RN


 

Iniciamos a visita, conhecendo o Museu Mineral e o Memorial Tomaz Salustino que foram criados a partir da iniciativa da Sra. Nia Dutra, Sr. Jerônimo Alves e da diretoria e dos funcionários da Mineração Tomaz Salustino, inaugurado em Setembro de 2006 que teve representantes de várias instituições de ensino e órgãos públicos. A criação do Museu Mineral e do Memorial Tomaz Salustino fortaleceram significativamente o turismo do município, gerando emprego a dezenas de pessoas e recebendo visitantes de todos os locais do país, inclusive, os visitantes estrangeiros que durante a visita podiam ver a exposição de peças usadas pelo senhor Tomaz Salustino, peças da sua esposa e familiares, além de minerais expostas que são de encher os olhos de qualquer um pela beleza sem igual das exposições citadas anteriormente. Conhecemos também um pouco da história de vida da família e da empresa, que forneceu milhares de toneladas de minério as indústrias de aço que serviam para a fabricação de balas, bicos de caneta e outros materiais. A Mina Brejui é considerada a maior mina de Scheelita da America do Sul, na qual, iniciou sua exploração por volta do ano de 1943, ano esse que foi descoberto à existência do minério no município, conta-se que um vaqueiro subordinado do senhor Tomaz Salustino ao aboiar o gado, encontrou a pedra diferente das outras e a levou ao patrão para tomar conhecimento, Tomaz Salustino que havia recebido a visita de estrangeiros, decidiu enviar a peça há um laboratório no Rio de Janeiro e recebendo o resultado com a conclusão que a pedra ali se tratava de um mineral conhecido como Sheelita, pouco mais de dez anos após a descoberto do mineral foi constituída a empresa Tomaz Salustino S/A. 

















A mina teve seu apogeu durante a Segunda Guerra Mundial exportando o minério para países como Alemanha e Estados Unidos. Durante esse período a sociedade fez um grande progresso através de obras como o Tungstênio Hotel que ainda existe até hoje, apesar de não ter uma estrutura gigantesca permanece imponente aos outros, com estruturas até um pouco precárias, más, cheio de mitos em relação a si, alguns dizem que o hotel é mal assombrado deixando o Tungstênio Hotel com um grande ar de suspense. Durante os anos 80, houve um declínio na mineração conseqüente das variações dos preços internacionais da Scheelita e pela utilização de outros minerais para as fabricações de outros artefatos industriais e tecnológicos.  Atualmente as minerações voltaram as suas atividades no município. Além do trabalho feito de mineração a Mina Brejui recebe muitos visitantes, tendo meses em que chega a ser vista por mais de 1500 pessoas. Após a visita ao museu e ao Memorial visitamos uma das galerias de exploração do minério dentro da própria mina. O Guia de Turismo Jorge, nos levou a essa galeria para relatar sobre curiosidades e nos proporcionou uma experiência para sabermos o que acontece quando falta luz dentro de uma galeria e com mineradores trabalhando. Nessa experiência ele apagou todas as luzes, ficamos de mãos dadas e em silêncio nos levando a sentir uma pressão forte em nossos ouvidos, e uma sensação de pânico.



















Foi comentado também sobre um visitante que chegou um pouco tarde e queria de qualquer forma fazer a visita das galerias, e não havia guias para levá-lo então esse homem aproveitou-se de um momento de distração dos responsáveis e foi sozinho até a mina, enquanto ele entrou houve uma queda de energia no local, ele se manteve calmo e tentou sair utilizando-se do flash de uma câmera fotográfica, com o passar do tempo ele começou a se desesperar e sentir como se ouvisse passos atrás dele, o desespero então o levou a sentir a presença de alguém logo atrás o levando a ver três pessoas atrás dele, pessoas com apenas a parte do pescoço para baixo, isso o fez correr e registrar fotos das “pessoas” que estavam o “perseguindo” quando conseguiu sair da mina em pânico total, mostraram as fotos às pessoas e nada se viu, ou seja, tinha só galerias vazias. Com isso, podemos verificar que a melhor coisa quando acontece uma queda de energia dentro da Mina, seria manter-se calmo e esperar, pois tudo que ele via eram apenas fato de sua imaginação. Logo após a saída das galerias fomos visitar as Dunas de Dejetos da Mineração, algo fabuloso, muito parecido às dunas de areia que vimos nas praias, são dezenas de dunas feitas dos dejetos da mineração, com uma vista para a vegetação da região, vegetação verde pela grande quantidade de uma planta conhecida popularmente por Algaroba, planta que precisa de pouca água para sobreviver e que é utilizada para alimentação do gado em épocas de seca e que se alastra com grande facilidade pela vegetação. 











 

Em seguida, seguimos para almoçar no restaurante em Currais Novos e aproveitamos para fazer um city tour e visitar as lojinhas de artesanatos. Aproveitamos nesse momento para comprar peças como: brincos feitos de minerais retirados da Mina, bonequinhos artesanais, camisetas e outras lembranças. Na companhia da Guia de Turismo Raianne, foi mostrado o Hotel Tungstênio, o primeiro hotel da cidade, que recebeu esse nome por causa da exploração desse metal, o mesmo se localiza no centro da cidade e é o macro do desenvolvimento de Currais Novos. Passamos também pela Fundação José Bezerra Gomes, que tem um grande acervo de documentos e objetos que contam a historia da cidade, bem como a história do desembargador Tomás Salustino, que contribuiu bastante para o desenvolvimento econômico da cidade com a exploração da scheelita.  Passamos pelas Praças Cristo Rei e Desembargador Tomaz Salustino, onde encontramos uma réplica fiel, porém em menor proporção, da estátua Cristo Redentor e uma estátua em tamanho real de Tomás Salustino apontando para sua residência que se localiza em frente à praça, respectivamente.  

Passamos pela Matriz de Sant'Ana (considerada a santa da fertilidade por trazer chuva), que foi construída como cumprimento de uma promessa feita pelo Coronel Cipriano Lopes Galvão, que muito aflito com a inexistência de água para seu rebanho prometeu, caso chovesse, construir a capela em homenagem à gloriosa Senhora Santa Ana na sua fazenda, no mesmo dia choveu, mas a promessa só foi cumprida em 1808 por seu filho, o Capitão-Mor Cipriano Lopes Galvão. Em seguida fomos para a Cidade de Acarí – RN.








2 - Acarí – RN

Dando continuidade aos aspectos sociais e culturais abordados, o segundo destino foi à cidade de Acarí – RN, conhecida como a mais velha do Seridó e recebendo por algum tempo o titulo de cidade mais limpa do Brasil. Para quem não sabe, a origem do nome da cidade se deu a partir de um peixe chamado: Acarís, conhecido popularmente como cascudo. Um peixe de escama áspera, carne branca e muito saborosa. Esse pescado era encontrado no Rio Acauã, que possuía água o ano inteiro e servia de ponto de parada dos viajantes que passavam pela região, fazendo com que anos mais tarde provoca-se a construção de palhoças e no ano de 1720, começou a existir um pequeno povoado. A cidade em geral possui uma forte valorização quando retratamos a questão de limpeza e das pinturas das casas, tudo isso começou com uma lei regida pelo prefeito que obrigava todos os moradores a pintar as fachadas das casas, e aqueles que não tinham condições financeiras suficiente recebiam o Cal para prática da limpeza, ou seja, até hoje as pessoas são conscientizadas a manter esse uso. Outro elemento que contribui para atividade turística são as formas arquitetônicas dos prédios que são mantidos e preservados, alguns sendo considerados como patrimônios. 

Uma curiosidade é sobre a coleta seletiva, que detém de caminhões de lixo que circulam duas vezes ao dia. Mas, observamos durante o percurso a ausência de lixeiras na cidade, mas o fato é que isso não afeta em nada, pois a cultura de se preservar a cidade é mantida e serve de referência a todos que visitam o lugar. Para quem não sabe, a cidade perdeu o titulo de cidade mais limpa do Brasil, para uma cidade do Sul: Curitiba. Chegando a cidade no sábado ás 16h00min tendo com destino a pousada de gargalheiras, passamos então por uma vila de pescadores, que surgiu a partir da construção do Açude Gargalheiras, ou seja, com o término da construção esses trabalhadores permaneceram no local e passaram a usufruir da atividade pesqueira. Logo de imediato, pudemos perceber a presença do desenvolvimento e comercialização do segmento gastronômico como: A Lingüiça de Camarão, o Filé de Peixe, hamburguês e as almôndegas que estavam sendo vendidas naquela localidade. Chegando à Pousada, de inicio foi notado o encantamento de todos com aquele lugar, cercado de serras e aglomerados de pedras, que juntamente com o reflexo do sol na água da barragem, nos conduzia a um momento de fascínio e reflexão pessoal. 









Em seguida, fizemos o check-in e nos dirigimos aos respectivos quartos. Um fato que nos chamou a atenção foi á presença do artesanato e de quadros que estavam pendurados nas portas dos quartos, na qual representava um tipo de peixe encontrado e consumido naquela região. Era uma forma simples, mas que transmitia de alguma forma a cultura local. Tivemos um tempo para o descanso e a noite nos reunimos para um momento de descontração e troca de experiências, onde aproveitamos para jantar. Nesse momento, notamos a influencia da cultural local presente na gastronomia, foram servidos: Tapioca com Camarão, Tapioca com Carne de Sol e Filé á Parmegiana, são pratos servidos naquela localidade e que agregam produtos que remetem a valores identitários e culturais do passado, que estão incluídos hoje na culinária, fomentando assim para um atrativo turístico. 

Ao final do jantar, presenciamos o nascer da lua por trás das serras, momento esse que me fez lembrar o passado que uniam as famílias, através das prosas, lendas e os mitos em que grande parte das pessoas se reunia para esse momento de descontração, principalmente nas sextas-feiras 13. Essa data não nos remeteu a isso, mas nos conduziram a inesquecível brincadeira dos limões, que preferimos não comentar. Aproximando a madrugada, fomos dormir. No outro dia pela manhã, fomos prestigiados com o nascer do sol e aproveitamos para os registros fotográficos. Em seguida, foi servido o café da manhã, sendo oferecidas frutas como: Melancia, Banana e Mamão e alguns produtos que caracterizavam o homem do campo, como o cuscuz. O que mais me chamou a atenção foi o ovo mexido com queijo de coalho, por causa do sabor peculiar, a aparência e forma de preparo. Pois, o meu paladar não estava acostumado com esse sabor diferente e me proporcionou estranhamento com o prato. Por volta das 8h30min saímos da pousada com o objetivo de realizar um City Tour, tendo o MUSEU HISTÓRICO DE ACARÍ OU MUSEU DO SERTANEJO, como nosso primeiro ponto de visitação. 



Chegamos ao Museu e fomos recebido pelo Guia de Turismo: Túlio. Durante anos o prédio do Museu foi utilizado com câmara e cadeia da cidade. Foi apenas em 11 de agosto de 1990 que aconteceu a inauguração do Museu Histórico de Acarí, que retrata a valorização e memória do homem sertanejo do Seridó, mostrando as particularidades econômicas e culturais existentes na região, como também a historia política e social da cidade. Fomos acompanhados pela Guia de Turismo e Coordenadora Cultural: Maria Daguia de Medeiros que iniciou a explicação comentando a respeito do inicio do povoamento do sertão, pudemos entender de fato que o Seridó já foi habitado por grupos humanos, constituídos pela presença do homem pré-histórico, atestado por inscrições e desenhos rupestres. Através dos objetos e fotos expostas no museu, compreendemos que o fator principal de povoamento do Seridó foi á criação extensiva do gado que pelo favorecimento do clima, existência de paisagens nativas e a distribuição das sesmaria, foram alguns fatores essenciais para o surgimento das fazendas. 

Um elemento característico na criação de rebanhos bovinos era a classificação quanto à formação dos animais, sem falar na necessidade e tradição existente, na qual o gado tinha que ser ferrado e/ou marcado no lado esquerdo com a marca da região e do lado direito com a marca do proprietário. Nessa época, também surgiam várias crenças e orações contra enfermidades de pessoas e rebanhos; o mau olhado; quebranto, proteção e até mesmo pedidos de casamento. Ou seja, é através do misticismo que entendemos a superação do homem sertanejo diante de algumas dificuldades. A Guia de Turismo também comentou sobre a evolução da casa do sertanejo. A principio, as moradias eram construídas com estrutura simples, feita de pau a pique e coberta com palhas. As ferramentas de trabalhos e os utensílios domésticos eram produzidos de forma artesanal, na qual temos como exemplo: A panela de barro e o pote que além de armazenar água, servia para conservar os alimentos. 

Com o passar do tempo os materiais usados na construções foram evoluindo de varias formas, utilizando tijolos e telhas que possuíam frases e versos conhecidos e importantes na época, em que na maioria das vezes retratavam o cotidiano e os ambientes naturais. A exemplo se tem o verso do poema de Gonçalves Dias: “MINHA TERRA TEM PALMEIRAS ONDE CANTA O SÁBIA”. Verso este que estava grifado em um telha exposta no Museu. Um dos elementos citados nessa fase histórica e econômica foi o vaqueiro, que possuía uma vestimenta feita de couro, um material muito resistente que o protege das picadas de cobra, e de espinhos característicos da vegetação caatinga. Considerado um desbravador de novas terras e representante essencial no desenvolvimento da pecuária, foi um dos responsável pelas construções dos currais, visando á proteção do gado. Estes eram feitos de pau a pique, e se estendiam ate as cercas de pedras que dividiam e cercavam territórios. As cercas de pedras faziam um contraste com as paisagens naturais das imediações, e hoje apesar de não ser de origem brasileira e sim portuguesa, é considerada um patrimônio Brasileiro. 

Durante as explicação Daguia Medeiros abordou sobre o processo artesanal da fabricação dos queijos de manteiga e de coalho. Produtos típicos da região do nordeste brasileiro e fabricado principalmente na região do Seridó. Dando continuidade na explicação, outro fator importante no contexto da região é atividade pesqueira, que ainda é utilizada de forma artesanal e muito presentes no açudes da região, principalmente o açude Marechal Dutra (Gargalheiras), pois seu reservatório constitui uma atividade de subsistência, sendo de enorme valor para a população do interior, como também a utilização desse recurso na atividade econômica, desenvolvendo de tal forma diversos produtos que infelizmente não são valorizados no mercado, ou seja, os comerciantes, não se apropriam da identidade gastronômica. Seja por algum desmotivo ou medo do produto não ser vendido ou consumido, já que o mesmo se torna caro.

Um dos pontos finais a ser relatado foi sobre a cultura do algodão, que chegou a ocupar o 1º lugar em importância econômica no município de Acarí. Não esquecendo, que Francisco Raimundo de Araújo foi o pioneiro na pesquisa sobre o melhoramento do algodão e hoje devido à praga do bicudo, essa cultura encontra-se extinta. Vários produtos são produzidos a partir da fibra do algodão, dentre eles os bordados fabricados no tear, a renda de bico, crochês e entre outros. Atualmente o que se pode verificar é que a influência e o avanço da tecnologia estar interferindo no cotidiano familiar. Essa cultura aos poucos está se perdendo, pois são raras as famílias que transmitem ainda essa arte a seus descentes. Eram constante, as famílias se reunirem a noite para contar historias de “Trancoso” e prosear, momento esse que era impedido quando começava á Rádio Voz do Brasil, práticas e costumes que acabam se perdendo no tempo. 

Partindo para o andar superior do Museu que retrata toda a história da cidade de Acarí – RN e não era permitido o registro de fotos, fomos acompanhados por outra Guia de Turismo que não recordo o nome do momento. Na realidade logo na subida da escada, nos deparamos com outro artesanato local, feito de tecido com areia, fato que chamou a atenção, pois está arte é perceptível em boa parte do Seridó. Percebemos também, que o piso do Museu era mantido com madeira original e encerado com cera de carnaúba, prática muito utilizada na conservação contra cupis. O espaço era direcionado a exposição de diversas atividades de lazer e organização social, sendo dividida por temas como: reuniões políticas; eventos; escola de músicas; galeria de Zeca Pires; galerias de fundadores da MHA e a galeria dos ex-prefeitos compostos por 26 homens e uma mulher, desde o ano de 1800 a 2003. Foram visto também, objetos que estiveram presentes no cotidiano das pessoas, indo além de sua utilidade, na qual fizeram parte da identidade local, considerando também como patrimônio cultural da cidade. 

Um fato curioso é em relação ao mito religioso de que São José e São Gonçalo eram vistos de acordo com a crendice popular como aqueles que proporcionavam os melhores casamentos, ao contrário de Santo Antonio que trazia o mais rápido, mas em compensação muitas das vezes não eram o melhor. Discos; vitrolas; escrivaninhas; oratórios; vestes dos sacerdotes; o estilo da cama, a cuspideira e o penico, os ferros a brasa, baús e objetos pessoais e econômicos, todos faziam parte desse acervo histórico e cultural do museu. É a partir dessa observação que compreendemos o quanto o Museu Histórico ou Museu do Sertanejo em Acarí, possui uma gama de elementos que valorizam as raízes sertanejas em todos os aspectos. 












Saímos do Museu do Sertanejo por volta das 10h00mim, passando pela antiga e primeira rua da cidade: Rua dos Alpendres, chamada atualmente de Rua e Praça Tomaz de Araújo, no decorrer do percurso passamos a entender a importância que a praça representa para a população. Lugar em que grande parte das pessoas passa a se concentrar com objetivo do dialogar, obter informação, e comercializar algum produto. Uma cultura que durante anos vem sendo mantendo viva e perpetuando entre o dia a dia da cidade. Em seguida, fomos para a igreja nossa senhora do Rosário, onde o Guia de Turismo Túlio, abordou sobre a criação e a história da igreja. A capela, em homenagem a Nossa Senhora da Guia, ficou pronta em 1738, permanecendo matriz da cidade até 1867, Deixou então de ser sede paroquial, devido à construção de uma nova igreja, sendo dedicada a Nossa Senhora do Rosário, onde é mantida no momento. Entre 1836 a 1840, ocorreram reformas por iniciativa do capitão Tomás de Araújo Pereira, ganhando patamar e os corredores laterais. Parte das imagens que possui: Santo Ambrósio, São Bento, São Gonçalo, São Miguel, São José, N. S. da Conceição e N. S. do Rosário, datam do século XVIII; sendo considerada a obra de arquitetura religiosa mais bem proporcionada do estado. 

Construída em tijolo cozido e liga resistente de argamassa de areia doce e barro vermelho. A fachada principal simples e comportada de verga curva encimada e porta de folhas almofadadas. Sobre o sacrário existe um oratório de frisos e lambrequins dourados, onde se encontra a imagem de madeira da Madona do Rosário. Nossa senhora do rosário é considerada padroeira dos negros e a igreja sendo inaugurada em 05 de maio de 1775, possui características barrocas desde a fachada até o piso, com equilíbrio e harmonia dos elementos que foram preservados na ultima restauração que ocorreu no ano de 2011. A primeira missa realizada na Igreja aconteceu no ano de 1863 e atualmente ela é aberta todas as quartas-feiras para o terço dos homens, recebendo um total de 200 homens e nos sábado á noite para a realização das missas. Um local que nos revelou curiosidade foi em relação ao púlpito que ainda estava sendo preservado dentro da igreja, nesse local eram proferidas as leituras da Sagrada Escritura em que, freqüentemente se compõe de uma pequena varanda que dá para a nave da igreja, localizada no mesmo nível do coro, mas à frente da igreja, bem à vista da congregação. Hoje em dia, nas igrejas católicas mais modernas e em praticamente todas as protestantes, o púlpito é composto de um pequeno pódio onde geralmente a Bíblia se encontra e de onde os leitores e pregadores costumam se dirigir à congregação. 



Depois desses relatos, fizemos um passeio pelas ruas da cidade, observando o cotidiano dos moradores e a cidade em geral, logo de inicio percebemos a existência de um coreto, onde as pessoas aproveitavam para jogar baralho e damas, momento esse que podia ser presenciados todos os dias pela manhã. O Coreto para quem não sabe é uma cobertura, situada ao ar livre, em praças e jardins, para abrigar bandas musicais em concertos, festas, romarias e usado para apresentações políticas e culturais. O estilo das casas nos condicionava a entender sobre o estilo de vida da época e chegando a Matriz de Nossa Senhora da Guia percebemos a presença de duas imponentes torres encimadas por bandeiras metálicas, uma de Nossa Senhora da Conceição e outra com as Armas do Império. Segundo o Guia Turístico, no altar-mor, há uma imagem da padroeira da cidade de Nossa Senhora da Conceição, em tamanho natural. Um dos patrimônios arquitetônicos mais importantes do município, sendo considerada uma das três maiores igrejas do Rio Grande do Norte, sua festa religiosa é realizada entre os dias 5 e 15 de agosto, com a procissão, eventos e barraquinhas. A igreja guarda suas características originais, predominando o estilo neoclássico e foi construída pelo fundador da cidade, Antônio de Azevedo Maia, em 1824 e se tornando um forte atrativo na região.
Por fim, voltamos acompanhados do Guia de Turismo, para a pousada e foi nesse presente momento que entendemos a história da construção da barragem relatada por ele. Pois, em 1920 deu inicio as obras da Barragem Gargalheiras, sendo que em 1960, teve a primeira sangria e sua ultima em 2011. Foi comentado sobre as três maiores importâncias que a barragem representa: como armazenamento de água, economia da pesca e o turismo. A Barragem Gargalheiras é considerada a 3ª maravilha do Rio Grande do Norte e se destaca quando nos referimos a esportes praticados: trilhas, canoagem, e rapel. Um turismo de aventura que ainda está em desenvolvimento na região.















Arrumamos nossas coisas e saímos as 13h00min para o almoço no restaurante que ficava na saída da cidade. A comida com um sabor típico e agradável ao nosso paladar nos proporcionou a percepção do quanto Acarí se dedica a atividade turística e por final seguimos para a cidade de Carnaúba dos Dantas.



3 - Carnaúba dos Dantas - RN




No turismo uma de suas principais características é o poder de transformar tudo que se toca em artificial, por interesses puramente mercadológicos. Porém quando se fala em turismo cultural esse conceito se perde, pois o maior interesse é o de preservar, transformando o objeto preservado em matéria-prima para o turismo. Podemos ver isso claramente na Região do Seridó e com mais ênfase em Carnaúba dos Dantas, pois as 7.294 pessoas que por lá habitam fazer questão de preservar riquezas naturais e culturais. 

Destacando principalmente o potencial turístico religioso que da enorme destaque ao “Monte do Galo” com suas 14 estações da Via Sacra e a encenação teatral da “Paixão de Cristo” repassada nas escadarias do mesmo. Também se podem ver com muita clareza as manifestações culturais nas fachadas antigas das casas, que ate hoje continua a mesma, com estilo arquitetônico das antigas edificações no centro histórico da cidade. Tem a origem do ecletismo europeu do século XVIII, que se manifestou de forma tardia, sem intenções formais nem estilísticas bem definidas e também formas de turismo alternativo como o ecoturismo, turismo ecológico, turismo de aventura dentre outros. Onde os principais equipamentos que podem ser utilizados para essas modalidades de turismo são os campos arqueológicos “Xique-xique I e II”, as trilhas feitas nas pedras: “do Dinheiro, do Gabão, a serra da Rajada ou do Serrote de Mamede, Horto Florestal ao Sitio do Letreiro. Onde novamente a cultura se faz necessária, pois a conscientização da população local é imprescindível para a preservação destes espaços. 

 A verdadeira pérola do turismo cultural da região está interligada nas áreas de artesanatos e gastronomia. No artesanato é possível ver uma variedade gigantesca de opções que vai desde as confecções de flores de tecidos, redes, varandas de crochê e macramê e pinturas. Quando se fala em artesanato também é muito importante lembrar a participação dos artistas locais, com grande destaque para “Dedé Carnaúba”, que tem dado uma forte contribuição tanto para a preservação da cultura, quanto para o desenvolvimento do turismo na região, destacando algumas de suas obras espalhadas na cidade, na Igreja Matriz de São José decorada com belíssimas imagens sacras feitas pelo artista. Na gastronomia a cidade também não deixa a desejar, pois oferece um cardápio diversificado, sem esquecer os principais traços históricos e culturais da região.    











Guias de Turismo, Historiadores e Pessoas Influentes: 







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