quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Profissionais em evidência!



Turismólogos vislumbram o crescimento do mercado graças aos megaeventos da década. A atividade acaba de ser reconhecida por lei, e a formação é generalista!


Somente a Copa do Mundo de 2014 deverá trazer ao Brasil 600 mil turistas estrangeiros, o que significa um aumento de 12% no fluxo normal de visitantes ao país, de acordo com o governo federal. Além disso, aproximadamente três milhões de brasileiros devem circular pelas sedes do evento. Esse cenário promete oferecer excelentes oportunidades de emprego para diferentes classes de trabalho, entre elas o turismólogo, profissão recentemente reconhecida pela Lei nº 12.591/2012. Esse profissional pode trabalhar desde o planejamento e gerenciamento de atividades até a coordenação de pesquisas relacionadas ao setor.

O futuro se mostra promissor à categoria. A Copa das Confederações, o encontro católico Jornada Mundial da Juventude e as Olimpíadas Mundiais Escolares, todos em 2013, além dos Jogos Olímpicos de 2016, vão trazer mais pessoas ao Brasil. Segundo Roberto Vertemacci, turismólogo e diretor na agência CVC, grandes eventos são bons para trabalhadores de todos os setores, mais ainda para o turismólogo, que “é importante tanto para o governo quanto para os empreendedores que queiram desenvolver projetos ligados à recepção de visitantes”.

As atrações esportivas podem ser o passo inicial para uma explosão turística no país. Pelo menos é o que esperam os especialistas na área, como Valéria Carvalho, 50 anos. Ela trabalha com planejamento e pesquisa em turismo e decreta: os megaeventos funcionam como uma propaganda que venderá o Brasil, o que levará a um maior reconhecimento da profissão. “A principal qualidade desses acontecimentos é a promoção internacional que as cidades terão. É importante avaliar a visibilidade que teremos após a Copa, por exemplo”, diz a turismóloga.

A coordenadora do curso de turismo no Instituto de Ensino Superior de Brasília (Iesb), Mirela Berendt, cita a Austrália como uma nação que teve grande aumento no valor turístico após as Olimpíadas de Sidney em 2000. “A Austrália está aí para provar a importância desses eventos para o turismo. Antes, pouco se ouvia falar em viagens para lá. Hoje, já existem empresas especializadas em intercâmbio somente para esse país. Se seguirmos esse caminho, o mercado ficará forte e a profissão de turismólogo crescerá.”

Ítalo Mendes, 33 anos, é presidente da Associação Brasileira de Bacharéis em Turismo (ABBTUR) e já enxerga a capital do Brasil como um mercado em potencial. “Brasília tem sido um destino bem procurado. Foi escolhida como uma das sedes do Mundial e tem sido foco da promoção nacional no exterior. Com certeza, isso gera oportunidades”, avalia. Ítalo acha que a profissão não é devidamente valorizada, porém prevê mudanças. “Ainda vejo pouco reconhecimento, mas esse contexto deve se transformar. As empresas de turismo têm se atentado para a necessidade de formação.”

Cadê o diploma?

Em janeiro, a presidente Dilma Rousseff sancionou a Lei nº 12.591/2012, que reconhece a profissão de turismólogo. Do texto original somente dois artigos não foram vetados: o 2º, sobre as atribuições, e o 5º, que data a vigência da lei. Embora não tenha sido aprovada em sua totalidade, a legislação atende a uma exigência de mais de três décadas, identificando o turismólogo como ocupação e não somente como formação.

O artigo 1º exigia que a profissão fosse exercida apenas por bacharéis em turismo ou hotelaria. A exceção seria para não diplomados que tivessem exercido o ofício, ininterruptamente, por ao menos cinco anos. O artigo 3º defendia que o exercício da profissão de turismólogo fosse exercido na forma de contrato regido pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) ou como atividade autônoma. Por fim, o 4º pedia o registro do profissional em órgão federal competente. Para justificar os vetos, a presidente ressaltou que a Constituição assegura o livre exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, cabendo a imposição de restrições apenas quando houver a possibilidade de algum dano à sociedade.

A secretária nacional de políticas de turismo, Bel Mesquita, acredita que o reconhecimento por lei é favorável. “Teremos um profissional muito mais preparado para trazer o desenvolvimento econômico por meio do turismo”, aponta. A não exigência do diploma, no entanto, incomodou muitos profissionais e estudantes, como a aluna do quarto semestre na Universidade de Brasília (UnB), Lisieux Amaral, 20 anos: “Não concordo com o fato de qualquer profissional assumir o cargo que deveria ser do turismólogo. É como um administrador trabalhar de médico, não faz sentido. A obrigatoriedade do diploma é um reconhecimento que falta à classe”.

Povo fala!

Você considera necessário o diploma de bacharel em turismo para exercer as atividades de um turismólogo?

“Tem que ser capacitado para trabalhar com turismo. Não sei se precisa necessariamente do diploma, mas alguns conhecimento são básicos, como dominar o inglês”
Nelsino Alves Lemos, 63 anos, taxista

“Concordo com a exigência do diploma. O turismo é uma atividade importante e quem trabalha com isso tem que saber o que está fazendo”
Rander Carrijo, 24 anos, estudante de publicidade

“É importante regulamentar a profissão com a exigência do diploma. Isso deve trazer uma melhora no rendimento do setor”
Luiz Almeida, 54 anos, servidor público

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