terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

MINHA EXPERIÊNCIA !

Relatório referente à visita técnica realizada no Museu do Sertão: Mossoró – RN.



Relatório da visita técnica ao Museu do Sertão, referente à disciplina de Museologia e Educação Patrimonial, realizada na cidade de Mossoró – RN no dia 28.01.2012. A visita tinha como principal objetivo, conhecer toda historia e acervo presente na Fazenda Rancho Verde, fazendo uma relação do que se foi visto em sala de aula e compreendendo sobre a classificação da tipologia dos Museus e da influência da cultura no meio de vida da sociedade, segundo a qual o Museu está vinculado a memória e a historia do povo sertanejo. Além disso, fomentou para uma avaliação pessoal a respeito da diversificação de conhecimentos e objetos presentes naquele lugar, contribuindo para que possamos nos identificar com o que estava sendo apresentado e explicado pelo professor Benedito Vasconcelos Mendes.

A visita técnica teve inicio no dia 28.01.2012, como o ponto de partida no Epílogo de Campus da UERN, Mossoró - RN. A viagem contou com a presença de mais de 70 alunos dos cursos de Turismo, Geografia e Biologia, juntamente com três professores da Instituição. Chegamos a Fazenda Rancho Alegre, na qual fomos bem recepcionados pelo Prof. Benedito, um conhecedor de todas as regiões semi-áridas do mundo e estudioso do sertão nordestino. Benedito Vasconcelos Mendes é Professor-adjunto do Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte; Especialista em Geografia e Gestão Territorial (UFPB) e em Organização de Arquivos e Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente (PRODEMA/UERN).

 Na chegada nos deparamos coma presença de três avestruzes. Uma ave não voadora, originária da África e considerada a maior espécie viva das aves do Mundo. Na entrada já percebemos a diversidade de arte que compõe o cenário daquele lugar. A Fazenda Rancho Verde começou a ser estruturada no início da década de 90, quando o prof. Benedito Vasconcelos Mendes adquiriu terras na estrada da Alagoinha um município de Mossoró-RN. Além de razões particulares, constava entre os objetivos desse grande estudioso do semi-árido adequar sua propriedade à pesquisa de melhoria genética de animais domésticos nativos e exóticos que pudesse auxiliar o homem sertanejo na difícil luta pela sobrevivência numa região castigada pelas secas. Colecionando utensílios diversos e equipamentos que eram utilizados nas principais atividades econômicas do semi-árido, logo o acervo que o prof. Benedito Vasconcelos Mendes acumulou no Rancho Verde não deixou nenhuma dúvida quanto à necessidade de se criar infra-estrutura necessária para que um museu fosse implantado urgentemente. A inauguração foi no ano de 2003, precedida com o lançamento do livro Reflexões sobre o Nordeste, de autoria do Prof. Benedito Vasconcelos Mendes, quadrimilésimo título da Coleção Mossoroense da Fundação Vingt-un Rosado. Atualmente o Museu do Sertão tem como objetivo resgatar a história do semi-árido nordestino através de coleções de peças e equipamentos que expressaram a produção econômica e a vida social em diversas épocas, hoje gradativamente sendo esquecidas pelos ecos da modernidade que nos faz esquecer as raízes de nossa identidade.

Dando continuidade, depois de observamos a riqueza de detalhes e objetos, nos dirigimos ao salão para a realização da palestra, precedida pelo Professor Benedito e em seguida pelo Professor Agrônomo e Especialista Chagas Silva do Curso de Geografia da UERN, que comentou um pouco a respeito de sua admiração por aquele lugar e por toda a preservação cultural. Na oportunidade estava sendo oferecidos água e suco, como também um dos atrativos era a degustação da Cachaça, muito conhecida e que podia ser acompanhada por frutas originarias da região como: Caju, Seriguela e Cajarana. Logo depois, fomos acompanhados pelo professor que nos levou para conhecer o Museu do Sertão que fica dentro de sua propriedade. Durante o percurso verificamos as relíquias que estavam espalhadas por todos os cantos, testemunhando como vivia e conseguia o sustento o homem nordestino em tempos imemoriais, as quais de fato são marcas que não se apagam da produção de vida material de um povo forte. 

O museu do sertão da fazenda Rancho Verde está divido em oito setores que compreendem a casa de cera, a casa de farinha, o engenho de rapadura, o alambique de cachaça, a queijaria, a cocheira, a bodega e os utensílios domésticos. No primeiro setor pode-se deslumbrar o local onde os sertanejos preparavam a cera extraída das folhas da carnaubeira. O destaque é para uma prensa de vara “seu” Damásio, adquirida na região do Jaguaribe (Estado do Ceará). O segundo setor se tratava de uma oficina encontrada praticamente em todo o semi-árido nordestino, destinada à fabricação de goma e farinha de mandioca. Nesse caso, armazenar farinha, rapadura e queijo eram condições imprescindíveis para sobrevivência às secas, principalmente entre as famílias abastadas. O tamanho dos caixotes de armazenamento demonstrava o grau de necessidade dos proprietários sertanejos. Momentos distintos da evolução da produção desses gêneros que estão bem representados no museu da fazenda Rancho Verde, quando a tração humana foi substituída pela animal e depois pela força mecânica, percebendo dessa forma o quanto nos identificamos e estamos de alguma forma inseridos em memória nesse contexto. 

Já no terceiro setor o que me chamou mais atenção, percebi que teve maior quantidade de estabelecimentos nas serras úmidas e nas várzeas dos rios intermitentes do Nordeste seco, pois os engenhos produziam artesanalmente alfenins, batidas e rapaduras e as moendas eram de madeira e depois foram substituídas pelas de ferro. Partindo para o quarto setor encontramos a fábrica rústica de aguardente, também encontrada no mesmo espaço dominado pelos engenhos de rapadura, na qual há identificação em diversos processos, à exceção da fermentação do caldo visando obter o produto final.

Devido ao horário, quantidade de pessoas e a diversificação de detalhes e conhecimento a ser passada, não foi possível avaliamos e entendermos a fundo o que o Museu tem a mostrar, mas foi possível entender um pouco de cada setor. Compreendemos também sua classificação, pois além de ser um museu temático que aborda um "tema" ou uma vertente específica é considerado também como um museu histórico, já que é mais abrangente e caracteriza-se por diversos fatos e acontecimentos históricos com várias vertentes. Chegando ao quinto setor, foi comentado sobre a preparação do queijo, sendo o de coalho o mais difundido no nordeste e neste processo o abomaso bovino tinha papel fundamental, substituído hoje por fermento industrial. Já sexto setor era um local onde encontramos a cocheira, charretes, carros-de-boi, carroças, apetrechos de montaria, etc., objetos que eram guardados depois da labuta diária. Nesta parte há destaque para o gibão como principal apetrecho da montaria do vaqueiro e em razão da caatinga ser muito espinhenta, o uso desse acessório diferencia o homem que lida com o gado no semi-árido nordestino do que faz o mesmo trabalho em outras regiões brasileiras.

 O sétimo setor correspondia à bodega, difundida em todas as cidades da região. Trata-se de um pequeno armazém de secos e molhados onde se vende de tudo um pouco, incluindo remédios de forma caseira sempre requisitada por todas as classes sociais. Por fim, chegamos ao último setor que abrange os utensílios domésticos, enriquecendo de tal forma a cultura popular e que se transformaram em verdadeiras obras de arte que resistem ao tempo. Encontramos ainda panelas de barro, lamparinas de folhas de Flandres, gamelas, objetos feitos com frutos de árvores nativas, etc.

Depois de observamos todos os setores e entender de fato, o quanto aquele Museu resgata uma memória identificável com a vida de cada um de nós sertanejo, passamos a acreditar que um dia o Museu do Sertão de Mossoró, juntamente com a valorização do Professor Benedito será efetuada, contribuindo para que as próximas gerações futuras possam entender o que realmente foi o Sertão Nordestino, partindo então para o conhecimento cultural, histórico e social existente. Não podendo esquecer que o Museu, deveria ser mais divulgado e contemplado por infra-estrutura capaz de torna-se um atrativo. Dando continuidade e finalizando a visita nos dirigimos ao salão, para os agradecimentos e a entrega dos certificados. Contudo, o fascínio do prof. Benedito Vasconcelos Mendes com as coisas do semi-árido nos concedeu um espaço privilegiado onde o respeito à nossa cultura é observado em todos os detalhes, preservando-se nosso passado recente com o intuito de que gerações presentes e futuras saibam como as pessoas de outrora viviam e produziam suas riquezas. E dessa forma, que a visita nos proporcionou um olhar diferencial sobre nossa historia, nos conduzindo para uma próxima visitação, divulgação e indicação desse lugar.


FOTOS: 


































  

FOTO: JALDESMAR COSTA

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